"Zombar da filosofia, é na realidade, filosofar" (Pascal)

sexta-feira, 4 de abril de 2008

A vontade em foco


“A dualidade da natureza de Cristo – a necessidade, tão humana, tão sobrehumana, do homem de atingir Deus – tem sido um mistério profundo e insondável para mim. Minha principal angústia e a fonte de todas minhas alegrias e sofrimentos desde a juventude tem sido a incessante, impiedosa batalha entre o espírito e a carne... e minha alma é a arena onde estes dois exércitos têm lutado.” Com esta afirmação Nikos Kazantzakis define de uma maneira interessante a forma como vontade se instala no ser humano e suas causas e conseqüências em nossas vidas.
No filme de Martin Scorsese “A última tentação de Cristo”, há a evidência do que Schopenhauer (filósofo alemão, séc. XVIII-XIX) definiria como Vontade. Vontade esta capaz de expor os indivíduos ao mais tenebroso caos dentro de si, uma constante luta interior para dizimar ou satisfazer esta vontade. Na personagem de Cristo, fica explicito os conflitos vivenciados por este e a sua luta para cumprir a vontade de Deus, ou seja, há uma “Negação da Vontade” forçada.
O oposto desta visão fica evidente na produção cinematográfica “A Paixão de Cristo”, sob direção de Mel Gibson. Ao mostrar na película as últimas 12 horas de vida de Jesus Cristo, a exposição gira em um foco diferente do Cristo de Scorsese. Cristo (de Gibson) mostra-se mais caridoso e sereno, tem consciência do que irá lhe ocorrer. Neste caso, Arthur Schopenhauer ao definir em sua filosofia a metafísica da ética a COMPAIXÃO, expõe que este ato de passividade onde há a negação do egoísmo permite se chegar ao mais alto grau de contemplação, o que para o filósofo é o fim último e supremo o que vai contra a Vontade.
Ou seja, no Cristo de Gibson há a clara noção de que este se compadece da humanidade, sente seus sofrimentos – pecados – e quer saná-los; não suporta a dor que eles têm e quer de algum modo extermina-la. E qual é o modo que Cristo encontra? É o caminha e o fim último para que isto ocorra através de sua paixão e morte na cruz.

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